17.3.09

P.A. - Apresentação no Gato Vadio - Porto


Sexta-feira, dia 20 de Março, 22h15 Gato Vadio Rua do Rosário 281

“A revolta, sem aspirar a resolver todas as coisas, pode já, pelo menos, opor-se. (…) Os homens da Europa, abandonados às sombras, afastaram-se do ponto fixo e irradiante. Esquecem o presente por amor do futuro; os seres escravizados, pelos fumos do poder, a miséria dos subúrbios, por amor de uma cidade radiosa e a justiça quotidiana por uma vã terra prometida. Perdida a esperança quanto à liberdade das pessoas, sonham com uma estranha liberdade da espécie; recusam a morte solitária e chamam imortalidade a uma prodigiosa agonia colectiva. Já não acreditam puerilmente que amar um só dia da existência equivalia a justificar os séculos de opressão. Essa a razão por que eles quiseram suprimir a alegria do mundo, adiando-a para outros tempos.”

Albert Camus, in O Homem Revoltado

No papel em 2004, Saramago propôs uma alegoria no Ensaio sobre a Lucidez: a população eleitoral decide votar massivamente em branco, provocando o curto-circuito do sistema eleitoral e esvaziando o poder regulador dos partidos políticos na sociedade.

Na realidade em 2009, a Plataforma Abstencionista reivindica o acto da abstenção como uma forma de provocar o tal curto-circuito descrito pelo escritor. Não sabemos se Saramago sairá da pura ficção para, acto contínuo, abandonar o seu papel literário (e o papel do boletim) e apoiar a proposta abstencionista, ou se colocará uma vez mais a sua cruz (parece ser a única cruzfixa de que ainda não fugiu…).

A utopia de Saramago lida ainda com uma improbabilidade, pois os votos em branco nos ciclos eleitorais são sempre residuais. Ao contrário, a abstenção não é um cenário de ficção já que quase sempre ronda, quando não supera, a percentagem de votos alcançada pelo partido a que sai a sorte grande de 4 em 4 anos.

Convidamos os interessados e o eternos desinteressados, os que votam e os que decidem não votar, os que desejam deixar à Literatura a alegoria e às romarias o alegórico, e, principalmente, convidamos aqueles que já desconfiam, por faducho lusitano, de mais uma iniciativa de cariz político a escutar, conhecer e discutir os objectivos da Plataforma Abstencionista.

6 comentários:

  1. Vote por ninguém:
    http://homepage.mac.com/ruitavares/.Pictures/Photo%20Album%20Pictures/abril/abril19.jpg

    ResponderEliminar
  2. Vote! É completamente gratuito!

    ResponderEliminar
  3. outra imagem-texto

    http://www.criticaradical.org/images/naovote_vaalem.jpg

    ResponderEliminar
  4. O voto que tanto douram como sendo o poder do povo está completamente subvertido e hoje em dia votar é contribuir para a roubalheira nacional e mundial.
    Votar nesta chamada democracia é legitimar o ataque ás liberdades e autorizar o roubo permanente do cidadão.
    Quando o sistema está subvertido e já de nada vale votar então o melhor é mesmo deixar de votar ou votar em branco mas não esquecendo que tem gente muito poderosa tentando acabar com a democracia para instaurar uma oligarquia corporativista fascista.

    Havendo essa poderosa influência corporativista que promove a destruição da confiança no sistema democrático, é preciso cuidado com o que se anda a tentar conseguir.

    Se vamos deixar de votar porque perdemos a confiança em nosso sistema e políticos então um dos objectivos anunciado previamente desses "senhores do mundo" foi alcançado e devem estar todos contentes a preparar a instauração do novo sistema -"Não gostam da democracia? Tomem lá fascismo então!"

    Cuidado com o que pedem pois acabar com a democracia sem alternativas é o mesmo que pedir uma nova ditadura. Essa ditadura até já existe e continua a crescer subtilmente impondo cada vez mais regras e leis limitadoras da liberdade, vigiando cada vez mais e removendo liberdades e garantias antes conquistadas.

    Votar Não Voto porque seria ridículo escolher entre o intrujão A ou o intruja B. Votar em gajos sem nenhuma vocação humanitária não vale a pena nem vale a pena votar em gajos com muita vocação para mentir e serem dissimulados bem ao género da máfia.

    A solução nem tem a ver com o sistema mas sim com AS PESSOAS. Não importa o sistema quando existe boa vontade pois quando essa existe chega-se a algum lado e todos ficam contentes.
    Mas neste mundo existe pouca boa vontade talvez e assim temos o que merecemos e temos o sistema que reflecte nossa boa vontade ou falta dela e temos os governantes que melhor nos representam como povo mesmo sabendo que isso significa que o povo em sua maioria é corrupto!

    O povo em sua maioria é carneirada que ninguém quer governar! Quantas vezes não oiço a famosa frase com orgulho... "Não se governam nem se deixam governar".

    Somo um país de desenrascados e espertalhões e estamos a fazer o quê?
    Vamos salvar a carneirada acabando com o pastor?
    Vamos deixar a carneirada entregue a si mesmos?

    Seria o caos...
    Infelizmente a raça humana não parece preparada para tomar conta de si mesma sem ter seus pastores e sistemas.

    Isto tudo é muito bonito mas a carneirada continua a ser a maioria e continuam a ser suficientes para legitimar legalmente a governação por pessoas sem o mínimo de boa vontade e seriedade.

    Béééééééé

    ResponderEliminar
  5. Abster-se não é solução, se não se revêem em nenhum movimento ou partido votem em branco e pode ser que assim a comunicação social dê mais atenção à vossa causa.

    Pois abstendo-se estão a ingressar no grupo de pessoas que pouco se importa com a politica e não vê utilidade num voto, acham que quem se abstêm pensa da mesma forma que vocês!? Ninguém liga à abstenção ou é porque está sol, ou porque não interessa, no fim de contas o lugar é dos mesmos e quanto menos legitimidade tiverem menos exigente será o seu trabalho. (se metade do rebanho não vota é porque está feliz a dormitar).

    VOTEM EM BRANCO!!

    Votar em branco é neste caso o meio mais viável para fazer passar a vossa ideia!

    ResponderEliminar
  6. Votar ou não votar dá no mesmo.
    "Muda o cheiro mas a merda é a mesma"

    Talvez a causa de eles não votarem seja diferente da minha, mas eu não vou perder um dia para assinar um papelzinho e ter a falsa sensação se que cumpri com todos os meus deveres sociais para com uma democracia...

    ResponderEliminar